concluía que sexo era natural, e que precisava continuar assim, e que mais gostoso do que falar sobre, era o fazer.
Pois vamos em frente.Interessante, penso eu que essa menina ou mulher, tenha percebido um desgaste do assunto, do mecanicismo que se passou o ato. Detenho me porém ao passo que chegamos perto da questão da natureza, e também ao falar sobre a questão do desgaste e do mecanicismo de passos introdutórios.
Como falei anteriormente, tenho uma certa afinidade, com a teoria freudiana da psicanálise(apesar de não exclusivamente), e apesar de não ter falado nada a cerca do assunto mesmo que tenha prometido em posts anteriores, essa afinidade me coloca em uma posição de não poder censurar, ou de criar juízos a cerca da forma que o tema do ato sexual genital têm tomado forma. Isso pois, a cisão do sexual, que transformou sexo em genitalidade a separou e deixou a tão solitária e tão isolada da condição humana, e permitiu o mecanicismo do mesmo. Não podemos pensar, que se trata de um mero acaso do destino ou de coincidências que o sexo se tornou tão banal ou um assunto em desgaste. A frustração de nossa amiga ( se é que assim posso me referir a ela),e não lhe tiro razão por ter essa frustração, é fruto de sua própria ( e a de tantos outros) forma de tratar a sexualidade. O papel ( e não passando disso) naturalizado da atividade sexual humana genital, e a atribuição sexual como um todo de caráter exclusivo ao genital, em outras palavras a cisão que essa mesma trata quando se fala de sexualidade, como se isso fosse abarcar toda a questão.
A questão não é "Você escreve muito sobre sexo hein?" como o pai de nossa corajosa colega coloca e a qual ela atribui significado suficiente para estabelecer um conflito discursivo. A questão é entender que sexo movimenta o finito e o infinito,o misterioso e o certo, o sombrio e o claro, e não seria possível tratar de qualquer outro assunto sem tratar deste, sendo este qualquer outro assunto, até mesmo a análise do recorte da sexualidade em genitalidade.
Aos completos leigos, e iniciantes vagantes da teoria freudiana, talvez isso pareça confuso e de difícil compreensão, mas espero que até aqui, mesmo que não se tenha entendido por completo, pude dar alguma possibilidade de questionar a cerca do que até aqui tratei.
Mas pretendo ir um pouco mais longe agora, para tentar relacionar e ligar com a primeira parte desse texto, e espero, que se até agora me acompanharam mesmo que com um pouco de custo, possamos continuar e seguir juntos,com sua paciência (e a minha), até o fim. Mas qual fim? Respondo "Um fim que não é fim".
Poderiam estar os leitores a se questionar,frustrados e talvez alguns até coléricos "Tudo bem, podemos até conceber abstratamente e pensar que talvez, a sexualidade poderia não estar sendo tratada de forma que se deva e que a faça justiça quando se fala só de uma sexualidade genital, mas como assim sexo não é natural?".
Não poderia dar-lhes resposta, sem tomar ainda mais de vosso tempo, e infelizmente resposta esta que, muito provavelmente seria extremamente insatisfatória para a maioria de vocês. Mas não os deixarei totalmente só no escuro que criei, pelo menos não a aqueles que não terão medo de tomar emprestado minha lanterna. Darei uma dica, a vocês e a mim mesmo, eis que ela se encontra na linguagem. Pensemos a respeito da linguagem, que talvez possamos chegar a algum local mais claro.
Penso em Lacan, que reformulou sem modificar essencialmente a teoria freudiana a partir de seu contato com a linguagem, a semiótica de Saussure, e esse por sua vez, irão arguir alguns mais conhecedores do que eu, tem predecessores que foram ofuscados, obscurecidos, e que infelizmente não poderia citar nomes pela minha falta de conhecimento.
A linguagem que tratamos aqui, e como disse, penso em Lacan ao ligar isso com o inconsciente, e Saussure por eu não poder fazer menção tão clara do inconsciente, se trata dos significados que atribuímos, dos signos que ainda não apreendemos, dos símbolos que são constituídos, dos sentido que direcionamos, a tudo que nos cerca e experimentamos. As nomeações que fazemos, e também de tudo aquilo que não nos é nomeável, o inefável que vemos no outro, e assim entendemos o que se pode entender, e não entendemos aquilo que não se pode entender, talvez por não existir, ou talvez por existir, somente como estado de fenômeno como diria Kant.
Retomemos o início desse texto sem que a idéia se feche num círculo infinito, com minhas palavras emaranhadas, e o meu fort-da singular pela palavra emaranhada. Os simbolismo de tudo que escrevi de início é atribuído por vocês e somente assim, em algum nível entendidos por vós, palavras essas não desprovidas de tentativa de comunicação, de linguagem. E por fim linguagem que não é desprovida da ação, do real,do físico, do literal, do banquete canibal, mesmo que num plano abstrato, mas ainda literal, de intenção,atuação e ação. E assim, linguagem, que vai além de uma simples comunicação, onde a intenção não é somente externa mas também interna, e perceberão talvez aqueles pacientes, ao relembrar o começo, os meus rodeios.
Agradeço a todos, que até aqui foram, pacientes, e que apesar de talvez frustrados, possam estar, em certa medida satisfeitos, pelo menos com esta dica, dica que fará caminharmos juntos, por caminhos separados.
Fico por aqui, sem pretensão de resolver questões e as faltas que ficaram, que se criaram, de simplesmente poder dizer, que também não saberia responder. Talvez mais uma vez, desapareça e morrerei por um tempo, esperando que vocês também se finjam de mortos para mim, desaparecendo na infinitude ou na finitude da vida, mas isso faço para buscar o que não tenho como todos vocês.
Morrerei mas voltarei, ou assim espero.